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30 junho 2010

Poema em Imagens

"Pedra Filosofal "de António Gedeão



Autógrafo do poema "Pedra Filosofal "







Poema em Imagens


Realizado Pelo 10 º F













29 junho 2010

António Gedeão


(24 de Novembro de 1906 - 19 de Fevereiro de 1997)




Rómulo Vasco da Gama de Carvalho, também conhecido pelo pseudónimo literário de António Gedeão, foi poeta, professor e historiador da ciência portuguesa.



Licenciou-se no Porto em Ciências Físico-Químicas, exercendo depois a actividade de docente. Colaborou em revistas de divulgação de temas científicos, como a Revista “Gazeta de Física" da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa; publicou diversos manuais escolares e muitos artigos e livros nas áreas de Ciência, Tecnologia e História.



Revelou-se como poeta em 1956, com a obra “Movimento Perpétuo”. A esta viriam juntar-se outras obras, como “Teatro do Mundo” (1958), “Máquina de Fogo” (1961), “Linhas de Força” (1967) entre outras.

Na sua poesia, reunida em “Poesias Completas” (1964), as fontes de inspiração são heterogéneas e equilibradas de modo original pelo autor que, alia o rigor científico ao sofrimento, à compreensão da solidão humana.


Em 1963 publicou a peça de teatro “RTX 78/24” (1963) e mais tarde a sua primeira obra de ficção, “A Poltrona e Outras Novelas” (1973).






"Os seus poemas lírico-didácticos, de constatação das coisas, de explicação dos fenómenos conseguem a fusão das duas atitudes habitualmente separadas; a sua viva inteligência, a sua palavra serena penetram a mecânica do mundo físico e criam os seus correlatos no jardim das ideias e das sensações. (...)




António Gedeão não perde de vista, na sua poesia de amplitude cósmica, o passado português, mas não comenta as proezas de príncipes e heróis: o seu sentido da história volta-o para o colectivo, para o povo e para as grandes mudanças operadas na natureza pelos homens. "






URBANO TAVERES RODRIGUES

in "António Gedeão: decifrador do mundo, alquimista do sonho"


(Discurso proferido na sessão plenária e pública da Academia das Ciências de 28 de Novembro de 1996 e publicado in Memórias da Academia das Ciências de Lisboa. Classe de Letras, Lisboa, t. 33 (1966-1997), p. 157-169).
 






"Um dos aspectos que mais marcam a poesia de António Gedeão é aquela espécie de serenidade primordial que a cada verso alisa as arestas do tempo. Que uma lisura a identifica.

António Gedeão escrevia como quem vai fazendo o diário compassado de uma perplexidade elementar, ou como quem tacteia o mundo e o interroga:




Entre mim e a Evidência
paira uma névoa cinzenta.
Uma forma de inocência,
Que apoquenta.
[…………………………]"




TERESA ARSÉNIO NUNES
in "Por uma linha recta mais suposta que o areal e o mar"
 

 
 


 


Poemas seleccionados


 

 


 Amador sem coisa amada

Resolvi andar na rua

com os olhos postos no chão.
Quem me quiser que me chame
ou que me toque com a mão.

Quando a angústia embaciar
de tédio os olhos vidrados,
olharei para os prédios altos,
para as telhas dos telhados.

Amador sem coisa amada,
aprendiz colegial.
Sou amador da existência,
não chego a profissional.






 







 Gota de Água

Eu, quando choro,
não choro eu.
Chora aquilo que nos homens
em todo o tempo sofreu.
As lágrimas são as minhas
mas o choro não é meu.













 POEMA DO ADEUS

Exigem novas leis que os olhos não se alegrem

quando as folhas das árvores lhes acenam;
quando o lagarto ao Sol o erótico pescoço,
erecto e circulante
como um radar,
transforma as ondas mansas
em lúbricas tensões.
Não mais murmúrios de águas nem aromas de pinhos
que os ouvidos antigos recolhiam
e os narizes hauriam sequiosos
como exaustores de fumos;
não mais abrir os olhos e fechá-los
sob a língua da luz lambendo morna
o convexo das pálpebras;
não mais levitação do corpo no silêncio,
o porte da doninha na iminência
do que nunca acontece.
Pois que sejam meus olhos que ao fecharem-se
levem consigo a imagem derradeira
da fragrância poética do mundo;
que em meu rosto bafeje o último hálito
das magas transparências inventadas;
que nele roce a última das aves,
de benévolas asas estendidas
que em construídos céus nos redimiram
da frágil condição de ser humano;
que as últimas mensagens
dos emissores piratas, clandestinos algures
no fundo dos cristais,
no pistilo das flores,
nas escamas dos peixes,
encontrem meus ouvidos.

Que a terra me seja leve.

 










 


Pedra Filosofal



Eles não sabem que o sonho
é uma constante da vida
tão concreta e definida
como outra coisa qualquer,
como esta pedra cinzenta
em que me sento e descanso,
como este ribeiro manso
em serenos sobressaltos,
como estes pinheiros altos
que em verde e ouro se agitam,
como estas aves que gritam
em bebedeiras de azul.
Eles não sabem que o sonho
é vinho, é espuma, é fermento,
bichinho álacre e sedento,
de focinho pontiagudo,
que fossa através de tudo
num perpétuo movimento.


Eles não sabem que o sonho
é tela, é cor, é pincel,
base, fuste, capitel,
arco em ogiva, vitral,
pináculo de catedral,
contraponto, sinfonia,
máscara grega, magia,
que é retorta de alquimista,
mapa do mundo distante,
rosa-dos-ventos, Infante,
caravela quinhentista,
que é cabo da Boa Esperança,
ouro, canela, marfim,
florete de espadachim,
bastidor, passo de dança,
Colombina e Arlequim,
passarola voadora,
pára-raios, locomotiva,
barco de proa festiva,
alto-forno, geradora,
cisão do átomo, radar,
ultra-som, televisão,
desembarque em foguetão
na superfície lunar.


Eles não sabem, nem sonham,
que o sonho comanda a vida,
que sempre que um homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos de uma criança.


in "Movimento Perpétuo", 1956




Pedra Filosofal, canção interpretada por Manuel Freire.









ACTIVIDADE

1. António Gedeão era poeta, Rómulo de Carvalho era _______________________.
2. António Gedeão era o nome de Rómulo de Carvalho enquanto ______________.
3. Apelido do pseudónimo literário de Rómulo de Carvalho.
4. A exposição na Biblioteca Nacional sobre Rómulo de Carvalho / António Gedeão intitulou-se “____________________ é o meu nome”.
5. Nasceu em 1906, foi professor e impulsionador da Física e investigador da História da Ciência.
6. Em 1983, Gedeão publica “_____________________ Póstumos”.
7. O poema mais célebre de Gedeão será talvez “ __________________" (segunda palavra).
8. Rómulo de Carvalho foi professor no Liceu ________________________ Nunes.
9. Aos onze anos, Rómulo escreveu uma continuação dos ___________________.
10. A disciplina que Rómulo de Carvalho leccionava era _____________________.
11. Rómulo de Carvalho era casado com a escritora _________________ (segunda palavra).
12. O cantor que mais divulgou Gedeão foi _________________________ (segunda palavra).
13. Outro dos poemas mais conhecidos de Gedeão intitula-se “_____________ de Carriche”.
14. Título de outro dos mais famosos poemas de António Gedeão.
15. Um dos livros escritos por Rómulo de Carvalho para a colecção “Ciência para gente nova” chamava-se "História da _____________________".
A meio, a coluna não numerada inclui o nome da disciplina em que estudas a poesia de A. Gedeão.




Actividade: Soluções







"Pedra Filosofal" - Poema Ilustrado









23 junho 2010

Poema em Imagens - "Cântico Negro" de José Régio




     "A actividade POEMAS ILUSTRADOS – As imagens e a criação poética – foi uma estratégia motivadora e aliciante proposta pela nossa professora e aplicada para introduzir o estudo da poesia portuguesa do século XX.



      À palavra escrita dos grandes poetas, associámos imagens e melodias e fomos produtores inventivos da leitura, actualização da palavra poética. "


                


            Quem somos?


                   Nós somos o 10º C




 



A produção deste vídeo foi efectuada pela Ana Raquel e pelo Telmo, do 10C



Um olhar que sabe interpretar o que está para além da palavra visível...










22 junho 2010

José Régio


Documentos autógrafos de José Régio

Cântico Negro

"Vem por aqui" — dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...


A minha glória é esta:
Criar desumanidades!
Não acompanhar ninguém.
— Que eu vivo com o mesmo sem-vontade

Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí!
Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?

Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...

Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.

Como, pois, sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...

Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tetos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...

Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém!
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.

Ah, que ninguém me dê piedosas intenções,
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!

 
A minha vida é um vendaval que se soltou,
É uma onda que se alevantou,
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí!





José Régio
in Poemas de Deus e do Diabo


21 junho 2010

José Régio (Vila do Conde, 1901- 1969)



Ventura Porfírio, Poeta de Deus e do Diabo, 1958
Óleo sobre tela, 138,5 x 108 cm
Câmara Municipal de Portalegre, Casa-Museu José Régio




José Régio, pseudónimo de José Maria dos Reis Pereira, foi poeta, ficcionista, dramaturgo, memorialista, ensaísta, crítico literário e professor do ensino secundário de reconhecido mérito, que esteve ligado ao Segundo Modernismo.

Viveu em Vila do Conde até completar o quinto ano do liceu, após o que continuou a estudar no Porto.

Aos 18 anos, foi para Coimbra, onde se licenciou em Filologia Românica (1925), com a tese «As Correntes e As Individualidades na Moderna Poesia Portuguesa». Este estudo foi, na época, pouco apreciado, sobretudo pela valorização que nela fazia de dois poetas então quase desconhecidos, Mário de Sá-Carneiro e Fernando Pessoa.

No ano de 1925, publicou o seu primeiro livro de poesia, Poemas de Deus e do Diabo, com o pseudónimo de José Régio.
Com Branquinho da Fonseca e João Gaspar Simões fundou, em 1927, a revista Presença, Folha de arte e crítica, que marcou de modo indelével o Segundo Modernismo português e de que Régio foi o principal impulsionador e ideólogo.
No plano político, opôs-se ao Estado Novo, tendo integrado o MUD (Movimento de Unidade Democrática) e tendo apoiado a candidatura de Humberto Delgado.


Como escritor, dedicou-se ao romance, ao teatro, à poesia e ao ensaio e foi um dos escritores de maior relevância do século XX.

Em 1927, José Régio iniciou a sua carreira de professor tendo leccionado no Porto e em Portalegre onde permaneceu durante 34 anos. Em 1967 regressou a Vila do Conde, onde morreu dois anos mais tarde.






11 junho 2010

Sophia de Melo Breyner Andresen


Porto 6 de Novembro de 1919 – Lisboa 2 de Julho de 2004







Mar


De todos os cantos do mundo


Amo com um amor mais forte e mais profundo


Aquela praia extasiada e nua,


Onde me uni ao mar, vento e à lua.






Cheiro a terra as árvores e o vento


Que a Primavera enche de perfumes


Mas neles só quero e só procuro


A selvagem exalação das ondas


Subindo para os astros como um grito puro.



Cem poemas de Sophia. Editorial Caminho, SA. 2ºedição, Setembro de 2004

 
 
 

Florbela Espanca


(Vila Viçosa, 8 de Dezembro de 1894 - Matosinhos, 8 de Dezembro de 1930)







Amar!



Eu quero amar, amar perdidamente!

Amar só por amar: Aqui...além...

Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente...

Amar! Amar! E não amar ninguém!







Recordar? Esquecer? Indiferente!...

Prender ou desprender? É mal? É bem?

Quem disser que se pode amar alguém

Durante a vida inteira é porque mente!









 


Há uma primavera em cada vida:



É preciso cantá-la assim florida,


Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar!






E se um dia hei-de ser pó, cinza e nada



Que seja a minha noite uma alvorada,


Que me saiba perder...pra me encontrar...


Sessenta Sonetos de Amor, Florbela Espanca
















Escolhi este poema pois transmite uma mensagem muito importante que é o valor do amor. Amar tudo e todos, espalhar amor por toda a gente e não por uma pessoa em especial, saber aproveitar a vida e o melhor que esta tem.


Carolina